20/05/2013

VIDA NOVA AOS MUSEUS
 
FRANKLIN JORGE, Jornalista
 
A governadora Rosalba Ciarline concedeu sobrevida aos museus de Natal, ao assinar na última segunda-feira contrato com as empresas Magnetoscópio para elaboração do projeto de revitalização do Memorial Câmara Cascudo. Na mesma ocasião, também foi assinado contrato com a Paluana Comunicação, para elaboração do projeto de revitalização do Forte dos Reis Magos. Foi na abertura da 11ª. Semana de Museus, em ato público na Pinacoteca do Estado, instalada no Palácio Potengi. A solenidade foi Salão Nobre do Palácio Potengi, onde está instalada a Pinacoteca do Estado. Outros museus da capital, como a própria Pinacoteca, serão oportunamente revitalizados, como o Museu de História Café Filho e o Museu de Arte Sacra, administrados pela Fundação José Augusto.
Não é nova a noticia em pauta, mas a ação, sim. Há muitos os nossos museus tem vivido entregues ao deus-dará, sem programação e sem infraestrutura compatível com as necessidades de uma vida útil e ativa, sob sucessivos governos que não tem feito os investimentos que teriam evitado que chegassem ao atual estado de abandono. O Museu Nilo Pereira, por exemplo, instalado no antigo engenho Guaporé, no Ceará-Mirim, está reduzido a uma ruína há muitos anos, como um monumento ao descaso e a inexistência de políticas culturais regulares, sistemáticas, capazes de despertar em cada um a consciência de que é dever de todos cuidar do nosso patrimônio histórico e cultural.
Historicamente, nossas coleções tem sido saqueadas ou sofrem as consequências da falta de manutenção e restauração de peças que são únicas e que, a cada governo, tem sofrido as ações do tempo e da falta de cuidados regulares que culminaram com o notável abandono do Forte dos Reis Magos, um dos museus que se beneficiam com a assinatura desse contrato celebrado no Salão Nobre da Pinacoteca, em meio às obras que constituem a mostra em cartaz, montada a partir do acervo permanente da Pinacoteca.
Foi o primeiro passo em uma direção nova, num momento em que tem aumentado, entre jovens e adultos, o interesse em nossa cidade pelas atividades culturais, de que é exemplo o sucesso da Casa da Ribeira, que está se transformando em o nosso mais importante centro de arte e, como tal, reconhecido por natalenses e por todos aqueles que nos visitam e procuram conhecer as expressões legitimas de uma cultura que não é provinciana. Também o Campus do Instituto Federal (IFRN) já conquistou a confiança e a simpatia de uma significativa parcela de público que deseja um contato efetivo com as artes, segundo um modelo despretensioso e bem cuidado que parece ter caído no gosto de todos. Também o Núcleo de Arte da UFRN tem se renovado, neste momento, atraindo artistas em busca de canais afinados com a contemporaneidade.
Embora um tanto tardiamente, por esforço dos que se dedicam à criação, a arte popular urbana desembarcou em Natal, como vimos recentemente nas praias, sob a forma de intervenções estéticas que já fazem parte da cultura de outros centros mais antenados com a modernidade. Nesse contexto, a Fundação José Augusto contribuiu com o seu Museu Tá na Praia, armado aos pés da estátua de Iemanjá com reproduções de obras pertencentes à Pinacoteca do Estado, entre as quais, O Julgamento de Frei Miguelinho, do artista Antonio Parreiras, adquirida em 1918 pelo governo do estado. Uma das joias da Pinacoteca.
Há outros museus em Natal e na Grande Natal, pertencentes à Universidade Federal e a particulares, como o Museu das Naus criado pelo arquiteto João Maurício, instalado no Iate Clube, e o Museu das Xícaras, do Café Santa Clara. Estaria passando por uma reforma.
 
ARTE SACRA
O Seminário de São Pedro quer realizar uma grande exposição baseada no acervo de arte sacra e objetos litúrgicos, além de uma moeda de 33 antes de Cristo. São 900 peças reunidas pelo Cônego José Mario de Medeiros em seu Eremitério em Macaíba, um museu que abre à visitação apenas uma vez por mês. Há vários objetos que pertenceram a papas, entre os quais, o véu mortuário que cobriu o rosto do papa João XXIII e o cálice em que bebia o papa Paulo V. Escolheram a Pinacoteca do Estado como o espaço adequado a uma mostra tão distinta.
 
SALLY FOSTER NO AÇU
A fotógrafa americana Sally Foster (de Baltimore), veio ao Rio Grande do Norte em 1964, integrando o Corpo da Paz, para prestar serviço voluntário aos flagelados da grande enchente que avassalou a várzea do Açu. Nessa primeira de três visitas ao estado, fez registros fotográficos que mostram uma Açu muito diferente da que conhecemos hoje. Há fotos de Ponta Negra, de Ipanguaçu e da redondeza. Sugeri ao prefeito Ivan Junior que promova uma exposição dessas obras e as recolha depois ao acervo da Casa de Cultura, que precisa ganhar vida e atuar sobre a vida cultural da cidade antigamente famosa por seus jornais, sua poesia, seu teatro e cultura letrada e popular. Sally Foster é autora de livros de fotografias bem editados em seu país. Devemos-lhe essa honra.

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