05/08/2014


Paris no início dos anos 1920

Elísio Augusto de Medeiros e Silva


Empresário, escritor e membro da AEILIJ

elisio@mercomix.com.br


Com o fim da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o presidente americano Woodrow Wilson ganha o Prêmio Nobel da Paz, foi promulgada em 1919 a Lei Seca nos Estados Unidos e inúmeros americanos ricos foram para Paris. Surgiam as indústrias de produtos de massa, o automóvel, o rádio e incrementou-se os esportes populares.

A capital francesa estava no epicentro do terremoto do pós-guerra – período que os franceses chamavam de “os anos loucos” (Les années folles).

Para o escritor F. Scott Fitzgerald foi a era do jazz, que simbolizava o divertimento despreocupado da época.

Para Gertrude Stein e Ernest Hemingway era a “geração perdida”, o dinheiro sobrava no bolso da burguesia, que se apressava a gastá-lo desenfreadamente.

No Boeuf Sur le Toit, bar noturno na Rive Droite, era o local que reunia o maior número da elite artística de Paris. Romances entre escritores, artistas e milionários começavam e terminavam nas noitadas frenéticas do Boeuf.

Pierre Galante descreve essa época como “os anos loucos”, período em que os artistas e escritores buscavam a glória e reconhecimento. As pessoas comuns buscavam o prazer e alegria depois de terem vivenciado os horrores da Grande Guerra, que afirmava terminar com todas as guerras.

Paris acolhia todos que escreviam, pintavam, esculpiam, compunham... era a cidade da alegria. Todos queriam fazer parte dessa nova era, onde o que não faltava era prazer, diversão e criatividade.

A sociedade parisiense reunia-se nos cafés, nos ateliês, cervejarias, corridas de cavalo, teatro e nos saraus animados por boas conversas, músicas e amor às artes.

As mulheres passaram a usar fragrâncias extraídas de flores – rosas, violetas, flores de laranjeira, jasmim ou de fontes animais.

Os homens preferiam colônias Bay Rum ou Roger & Gallet. Chanel revolucionaria o mundo dos perfumes com a sua fragrância denominada Chanel nº 5.

As jovens francesas começam a usar os vestidos pretos, os suéteres e as saias curtas plissadas de Chanel. Surgem as garçonnes, as mulheres emancipadas com ar de menino, encanto unissex, que dançavam tango e charleston, bebiam e fumavam em público. Usavam cabelos curtos de corte masculino, gravatas e paletós de homem, cullotes, e vestidos soltos até os joelhos numa peça única, sem mangas, e com franjas a charleston.

A população tinha esquecido os “anos negros” da guerra. Os exilados exploravam os encantos da cidade e aguardavam ansiosamente pelas novidades que apareciam a cada dia.

Na pintura surgiam nomes como Picasso, Modigliani, Braque e Marie Laurencin. Le Corbusier oferecia novidades no campo da arquitetura. Stravinski e Ravel na música. Nijinsky e Diaghilev na dança.

Em Paris, a livraria de Sylvia Beach era frequentadíssima pelos novos escritores.

Em Montmartre e Montparnasse, o exilado Hemingway bebia e jantava com seu colega escritor Henry Miller.

A capital francesa era o pano de fundo para a arte e literatura do século vinte.


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