30/01/2015

GUGA



                                            Saudades

Augusto Coelho Leal, do IHGRN

“Saudade é isto que a gente sente/Saudade é falta que faz a gente/Alguém que partiu/Alguém que morreu/Alguém que o coração não esqueceu.”


                “Manhã, tão bonita manhã, na vida uma nova canção.” Uma nova canção, assim é a canção da vida, sempre uma nova canção, ao um novo amanhecer. Sempre um sonho a se realizar ou um sonho desfeito, sempre a procura de um novo amor, ou a lembrança de um amor perdido, sempre uma esperança por vir ou uma esperança que se foi. Sempre a lembrança de bons momentos, dos bons amigos.
            O dia raiando, nuvens escuras, o sol tentando aparecer entre elas, o vento nas palhas dos coqueiros, o barulho suave das ondas do mar, um barco desaparecendo na linha do horizonte. Esse é o cenário que vejo agora e que me traz lembranças de amigos que já não posso vê-los, mas, senão senti-los bem perto de mim, nas minhas lembranças. Não posso mais sorrir ou chorar com eles, não posso conversar com eles, apenas pensar os bons momentos vividos com eles. Nestes últimos meses perdi bons amigos, perdas muito grandes, que jamais terão volta. Restou à dor da saudade.
            João Batista Ribeiro, nosso querido João Galinha, partiu ligeiro sem muito aviso. Uma boa pessoa, só fazia mal a ele mesmo, nunca que eu saiba, agrediu ninguém, mas mexeu com muita gente. Bebia demais, era a vida dele, que ele mesmo traçou, e assim viveu.
            Evandro da Costa Ferreira, meu bom amigo Evandro, colega de profissão, amigo de várias décadas. Um homem simples, um bom homem. Um profissional competente. Meu colega do Departamento de Estradas de Rodagem por três décadas, sempre ria com as minhas brincadeiras, mesmo quando eram feitas com ele. Saí do DER por conta de uma aposentadoria precoce, continuamos com a nossa amizade, continuamos em contato até a sua partida. Deixou a sua lembrança, uma boa lembrança.
            Sandra Coelho Correia. Minha querida prima, minha amiga de coração. Partiu de repente, mas tão de repente que na hora que eu soube da notícia, tive um grande susto e fiquei andando na calçada da Casa de Saúde São Lucas olhando para o céu, e perguntando para mim e para Deus porque aquilo tinha acontecido.
            Minha boa prima. Se preocupava com todos, procurava fazer amizade, tratar bem as pessoas. Tinha um cuidado com a minha saúde muito grande, e quase sempre quando nos encontrávamos, ela perguntava como eu estava se estava me cuidando bem. Sempre ria para mim, sempre procurava mostrar alegria. Sabia cativar as pessoas, por isto fez muitos amigos. Partiu, e com ela levou saudades, deixou lembranças, muito boas lembranças, e uma profunda tristeza que ainda hoje me aperta o coração.
            Eduardo Pinheiro de Moura, para mim Dudu Moura. Médico, bom profissional, bom esposo, excelente pai e avô, Amigo de infância, fomos meninos juntos. Quando menino, devido à cor dos seus olhos (verdes), tinha o apelido de “Dudu olho de gato,” e quando adulto tinha os instintos dos felinos, pois só sabia andar juntos com seus, para onde ia levava a sua “ninhada.” Eu como sou também muito família, achava muito bonito aquele seu gesto.
 Partiu também muito rápido, e no momento de sua partida estava muito próximo dele, estávamos na U.T.I. da Casa de Saúde São Lucas, mas por recomendação médica, não me deram a notícia. Quando da minha saída, pedi a minha esposa que me levasse até o seu apartamento, e ela muito preocupada me deu a triste notícia, Dudu tinha partido. De imediato veio à lembrança da sua esposa, filhos e netos, ele viveu para eles.
            Henrique Mario Lira Carreras, esse não morreu, mataram. Mataram um homem de bem, que nunca ofendeu uma mosca, vivia para sua família e com seus amigos. Fazia da sua vida um profundo poço de alegria e assim conquistava todos. Fomos colegas e amigos desde a infância, fomos colega do Atheneu, colega de brincadeiras da juventude. Casamos jovens, muito jovens, quase que na mesma época. Henrique foi vítima do descalabro dos poderes públicos, de um marginal que logo estará nas ruas para repetir os seus crimes contra pessoas inocente e indefesas, e a nossa sociedade assistindo tudo, omissa, sem poder de reação.
            Termino aqui repetindo o poeta: “Tristeza não tem fim, felicidade sim.” Foi-se a felicidade da presença, ficou a tristeza da ausência. Peço a Deus, que todos esses amigos, estejam em um bom lugar e em paz, com a paz que plantaram quando estiveram entre nós.

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