03/06/2015

Manoel de Carvalho Tinoco, Antonia de Freitas e Apodi

João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG
 
A repetição de nomes, nas várias famílias brasileiras, acarreta equívocos quando da construção de qualquer genealogia. Há um trabalho de meu amigo Marcos Pinto, lá do Apodi, intitulado “Antonio da Rocha Bezerra, um herói esquecido”, onde encontramos algumas contradições, que precisamos corrigir. Segundo ele, Antonio da Rocha Bezerra que foi assassinado, em 1711, por conta da sua relação com o parente Leandro Bezerra Cavalcante, da Guerra dos Mascates, era filho de José da Rocha Bezerra e Dona Antonia de Freitas Nogueira. Diz ainda, que Dona Antonia quando enviuvou de José da Rocha Bezerra, tinha 28 anos em 1680, e casou com Manoel Carvalho Tinoco em 1681. Diz mais, que Antonio da Rocha Bezerra foi casado com Dona Josefa Leite de Oliveira.
Vamos aos fatos. Dona Antonia Freitas, que casou com Manoel Carvalho Tinoco, não pode ser a mesma Antonia de Freitas Nogueira, pois, em 1708, era batizada sua filha Domingas, e, nessa data, teria 55 anos. Outro fato é que o coronel Antonio da Rocha Bezerra, que casou com Josefa de Oliveira Leite, foi padrinho do neto Antonio, filho de Antonio da  Rocha Bezerra e Maria Gomes Freire, no ano de 1760. Vamos conhecer melhor sobre Manoel Carvalho Tinoco e sua esposa.
Entre os assentamentos de praça, encontramos o seguinte: Manoel de Carvalho Tinoco, filho de Domingues Fernandes, natural da cidade de Braga, de idade de trinta e oito anos, cabelo negro, olhos pardos, barba negra, rosto grande, e comprido, e feito de pequena estatura, senta praça de soldado nesta companhia desde 5 de janeiro de 1699, e vence mil oitocentos e sessenta e seis réis de soldo, por mês, na forma do assento do Conselho da Fazenda, lançado no Lº 2º a fl 77 verso e não vencerá mais coisa alguma. Manoel Gonçalves Branco.
Na margem desse assento há mais algumas informações. Primeiro, a data de assento é corrigida para 21 de outubro de 1699, em Assú; outra anotação dá conta que foi condenado por sentença a servir à sua majestade um ano a sua custa como dela consta no Lº 6º a fl. 26 em que está registrado que começa em 23 de fevereiro de 1703, como consta de sua apresentação; começou a servir em a Companhia do capitão Salvador Amorim que era da Guarnição na Fortaleza dos Santos Reis a sua custa em (sem a data).
Entre os registros mais antigos, ainda existentes, encontramos os batismos de vários filhos de Manoel e Antonia, como segue:
Aos 13 de agosto de 1695, batizou o Padre Pedro Fernandes, de minha licença, na capela de São Gonçalo, a Caetano filho de Manoel de Carvalho Tinoco e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos Nicácio da Costa e Joana Gomes, filhos do Capitão Pedro da Costa (Faleiro). Basílio de Abreu e Andrade.
Aos 29 de setembro de 1697, batizou e pôs os santos óleos, de minha licença, o Padre Francisco Bezerra, em Santo Antônio do Potengi, a inocente Ana, filha de Manoel Carvalho e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos Manoel Rodrigues Santiago e Florença de Dornellas. Domingos da Rocha de Figueiredo.
Em 19 de fevereiro de 1700 anos, na capela de São Gonçalo do Potengi, com licença do Reverendo Padre Coadjutor desta Matriz, o licenciado Antonio Rodrigues Frazão, batizou o Padre Francisco Bezerra a Manoel, filho de Manoel de Carvalho Tinoco e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos Manoel da Gama de Araújo e Bernarda de Oliveira, filha da viúva Mariana da Costa. Simão Rodrigues de Sá.
Em 05 de julho de 1702 anos, na capela do Senhor São Gonçalo do Potengi, batizei a Joseph, filho de Manoel Carvalho e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos Manoel Gonçalves Pimentel e Maria de Freitas, mulher de Antônio Pinto. Simão Rodrigues de Sá.
Em 4 de abril de 1704, na capela do Senhor Santo Antônio do Potengi, com licença minha, batizou o Padre Francisco Bezerra de Góis, a  Maria, filha de Manoel Carvalho e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos o Comissário Geral Antônio Gomes de Barros e Custódia de Freitas, filha de Maria de Freitas, mulher de Antônio Pinto. Simão Rodrigues de Sá, Vigário.
Em 11 de maio, na Capela do Senhor Santo Antônio do Potengi, do ano de 1706, batizei a Florinda filha de Manoel Carvalho Tinoco e de sua mulher Antônia de Freitas. Foram padrinhos o tenente-coronel Teodósio de Grasciman e sua mulher Paula Barbosa. Simão Rodrigues de Sá.
Em 06 de agosto de 1708 anos, na capela de São Gonçalo do Potengi, de licença minha, batizou o Padre Antonio de Araújo e Souza a Domingas filha de Manoel Carvalho Tinoco e de Antônia de Freitas. Foram padrinhos o Padre Francisco Bezerra e Custódia de Freitas. Simão Rodrigues de Sá.
Essa Maria de Freitas, mulher de Antonio Pinto, parece ser da família, pois, ela ou sua filha, Custódia,  apadrinharam três filhos de Antonia de Freitas.
O registro de casamento de Caetano já apresenta falhas e, por isso, transcrevemos parte dele. Caetano Gomes de Almeida (o sobrenome não contém, aparentemente, nenhuma relação com os dos pais) casou aos nove de agosto de 1734, na Capela de Nossa Senhora da Conceição de Jundiaí, com Apolônia de Almeida Costa, filha legítima de Mathias da Silva Gayo, e de sua mulher Potenciana Carvalho, já defunta, na presença do capitão de Infantaria Francisco Ribeiro Garcia, do sargento-mor Hilário de Castro Rocha, de sua mulher Maria Magdalena e de Izabel de Barros, mulher do coronel Carlos de Azevedo do Vale. Nessa data Manoel Carvalho Tinoco, seu pai,  já era falecido. As denunciações foram feitas na Matriz e na capela da Senhora Santa Ana do Arraial, onde Apolônia era moradora e na de Nossa Senhora dos Remédios de Cajupiranga, onde morava Caetano. Apresentaram banhos corridos no Curato de Assú, e foram dispensados no quarto grau de sanguinidade atingente ao terceiro.
Outro filho de Manoel Tinoco e Antonia de Freitas, que encontramos o casamento, foi Manoel. Transcrevemos seu registro a seguir.
Aos vinte e oito de novembro de mil setecentos e quarenta e dois anos, na Capela do Senhor Santo Antonio do Potegy, desta Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação do Rio Grande do Norte, feitas as denunciações na forma do Sagrado Concilio Tridentino, nesta Matriz e nas mais partes necessárias desta Freguesia, onde os contraentes são naturais e a contraente moradora, e na Freguesia do Assú, onde o contraente é morador, sem se descobrir impedimento, como consta das Certidões dos Banhos, que ficam em meu poder, em presença do Reverendo Padre Manoel Pinheiro Teixeira, de licença minha, e sendo presentes por testemunhas o coronel João Pereira de Veras e Ignácio de Oliveira, pessoas conhecidas, os quais vinham assinados juntamente como o Reverendo Padre Assistente, no assento  que mandou, por eu assim expressar, na licença que dei conforme provimento do Reverendo Senhor Doutor Visitador, se casaram em face da Igreja, solenemente, por palavras, Manoel Carvalho, filho legítimo de Manoel Carvalho Tinoco, já defunto, e de Antonia de Freitas, moradores que foram neste Rio Grande, e por ora moradores na freguesia do Senhor São João Baptista do Assú, com Josefa da Costa de Oliveira, filha legítima de Basílio Lopes Lima e de sua mulher Antonia Leite de Oliveira, moradores nesta Freguesia e dela ambos os contraentes naturais. Manoel Correa Gomes, Vigário.

 

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