29/05/2015


DONA NAIR

Valério Mesquita*
Mesquita.valerio@gmail.com

Peço licença aos conterrâneos para neste dia trinta, homenagear a memória de minha mãe que se viva fosse, completaria 115 anos. Anjo tutelar dos meus dias, heroína simples, exemplo de renúncia, colecionadora de alegrias e tristezas, risos e lágrimas, realidades e sonhos. Nair de Andrade Mesquita, nasceu em Macaíba. Bem cedo perdeu o pai: Dário Jordão de Andrade. Sua mãe, Sofia Cúrcio de Andrade, filha de imigrantes italianos, mulher espartana e lutadora, criou sozinha os filho do casamento: Clóvis, Dario, Nair, Sofia, Nilda e Floriano. Pobre, Sofia possuía uma bodega onde também fabricava fogos. Os filhos estudaram no tradicional Grupo Escolar Auta de Souza que tinha como professores Bartolomeu Fagundes, Paulo Nobre, Arcelina Fernandes, entre tantos mestres seculares. Terminado os seus estudos preparatórios, ela foi trabalhar nos Correios e Telégrafos, ao qual dedicou 37 anos de sua vida ao aposentar-se. Casou com Alfredo Mesquita Filho, o líder político, combativo, firme, resoluto e humano. A ternura de Nair, a calma e a compreensão, vestimentas do amor, atenuaram muitas vezes os momentos de angústia e sofrimento do meu pai, na lide política. Nídia e eu, somos os frutos do seu amor, ao qual procuramos dar em afeto e carinho toda a dimensão do nosso sentimento. Compreendemos que ela na idade bíblica alcançada, mesmo assim, viveu o transitório neste mundo, mas nos legou, a cada instante, lições e marcas de iniludível eternidade. Foi adepta do espiritismo kardecista desde a mocidade, por influência de dois apóstolos de candura e bondade: Elen e Olímpio Jorge Maciel. Mas, Nair de Andrade Mesquita, não se dedicou apenas aos afazeres do lar e de sua vida funcional. Como coadjuvante das atividades políticas do marido, chegou a exercer o mandato de deputado estadual entre 1959 e 1962. Várias vezes, eu a acompanhei às sessões legislativas no antigo prédio da Assembleia situado à rua Getúlio Vargas, em Petrópolis. Política ao velho estilo, visitava os eleitores de casa em casa, fazendo o que chamava de “recenseamento eleitoral” nas campanhas de seu Mesquita. Minha mãe sempre gostou de conversar.
Nas prosas políticas sempre tinha engatilhado um provérbio, que liberava conforme a situação: “Depois da tempestade vem a bonança”. “Nem todo mal é mal, nem todo bem é bem, não há mal que não traga um bem”. “Quando os males de alguém forem velhos, os de outrem serão novos”. Enfim, é a sabedoria milenar, a reflexão espiritualista de um ser simples, sombra e luz, palmilhando afanosos instantes de profundidade vital. Acariciei muito os seus cabelos brancos. Contemplo na memória a sua fisionomia calma, serena, que parece reunir todas as preces, todas as dores humanas, no testemunho de sua própria longevidade, graça especial de Deus. Na casa grande da Rua da Cruz em Macaíba, ela residiu com o seu jardim de margaridas, dálias, jasmins, beneditas, lafranças e a mais sublime recordação na foto do seu Mesquita, ao lado, com o oferecimento eterno: “A Nair, expressão lídima de bondade”. 


(*) Escritor.


A V I S O

O INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE realizará na manhã de hoje, à partir das 9 hora, uma sessão especial de sua Diretoria e Conselho Fiscal, para apreciar o Relatório e as contas do Presidente Valério Alfredo Mesquita relativos ao exercício de 2014.
Natal, 29 de maio de 2015
Carlos Roberto de Miranda Gomes
Secretário-Geral

27/05/2015

Segredos que vem à tona


João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Matemático, sócio do IHGRN e do INRG.
 
Tive algumas dificuldades na descoberta de alguns parentescos, em virtude de segredos que eram mantidos por familiares. Grande parte desses segredos vinha do nascimento de filhos naturais, como se isso não fosse comum nas famílias do mundo todo, desde o começo dos tempos.
A primeira dessas dificuldades veio quando tentei descobrir o parentesco do Senador Georgino Avelino com a nossa família. Todo mundo era parente dele, mas não ninguém sabia explicar como. Através de exaustivas pesquisas em documentos fui me aproximando mais e mais da verdade. Ela somente foi confirmada através do meu parente José Nazareno Avelino, morador no Assú. O avó do Senador Georgino, Vicente Maria da Costa Avelino, era filho bastardo (como se dizia naquela época) do meu trisavô Alexandre Avelino da Costa Martins.
Depois, tentei descobrir como era nosso parentesco com os Alves. Papai deixou escrito que tanto os Alves Fernandes como os Rodrigues do Baixo Assú e Macau eram do clã do velho José Martins Ferreira. Foi uma pesquisa difícil, aonde a maior dificuldade vinha da afirmação que os Alves eram de Santana do Matos. Minha irmã, que conversou mais com minha avó, Maria Josefina Martins Ferreira, afirmava que ela era prima legitima de seu Nezinho. Ninguém mais sabia dizer coisa alguma. Cheguei a conversar com membros da família Alves, incluindo aí, descendentes de Manoel Alves Martins Filho, irmão de seu Nezinho, mas qualquer elo para eles estava distante no tempo. Somente, quando encontrei, lá no Fórum de Assú, o inventário de meu tio-bisavô José Alves Martins, tudo se esclareceu repentinamente. Nele estavam nomeados todos os nove filhos dele e da sua esposa Francisca Martins de Oliveira, incluindo aí Manoel Alves Martins, Josefina Emília, Militão Alves Martins e Delfino Alves Martins.
Minha tia Águida Torres Avelino foi casada com Bernardo Pinto de Abreu. Não tinha nenhuma informação sobre ele. Procurei entre os familiares mais detalhes, mas nada. Com a ajuda de meus tios Francisco Avelino e Láercio Avelino, localizei no Rio de Janeiro, Fátima Pantoja e Manoel Pantoja, filhos de Pintinha (Maria Pinto de Abreu) e netos maternos de tia Águida. Havia um ranço com relação a minha tia-avó, pois ela, quando viúva de Bernardo Pinto de Abreu, teve uma filha natural, conhecida na família com Ritinha. Deram-me o telefone de Rosália Pinto de Abreu, outra filha de Bernardo e Águida, que mora em Recife, e, atualmente está com 107 anos. Como na época estava doente, conversei tranquilamente com Irene filha dela que me deu maiores detalhes dessa descendência, que já comentei em artigo anterior.
Um dia quando meu tio Chiquinho esteve aqui em Natal, perguntei por que ele não tinha o nome completo do seu avô Francisco Avelino da Costa Bezerra. Ele me respondeu que isso aconteceu por conta da existência de um filho bastardo desse referido avô. Agora, quando da vinda de Francisco Avelino Neto, por conta da doença de mamãe, resolvi continuar a conversa. Queria saber mais detalhes, iniciando pelo nome desse irmão de meu avô. Chamava-se Luiz Torres. Foi descrito como um homem alto e moreno. Meus tios lembravam-se de um dos filhos dele, de nome Chico Torres. Tia Francisquinha disse que estudou com ele, no primário, lá em Angicos, e tio Laércio disse que ele, Chico Torres, foi casado com a viúva de um tal Clarindo Dantas.
Uma pergunta que meus tios não souberam responder: Se Luiz era filho natural de Francisco Avelino da Costa Bezerra, porque ele tinha o sobrenome da esposa dele, Josefa Maria da Costa Torres?
Nas pesquisas que tenho feito em livros de registros que começam em 1688, filhos naturais estão sempre presentes. A esposa do português Manoel Raposo da Câmara nasceu antes dos pais se casarem. O coronel Francisco Machado de Oliveira Barros gerou um filho natural que foi presidente de nossa Província, Joaquim José do Rego Barros. Minha tetravó Lourença Dias da Rosa nasceu antes de sua mãe, a viúva Francisca Xavier Lopes, casar com meu tetravô Francisco Xavier da Cruz. Não esperou pelo casamento com o primo. Os padres Thomaz Pereira de Araújo, Francisco de Brito Guerra, Antonio de Souza Martins, Pantaleão da Costa Araújo e tantos outros deixaram larga descendência por aqui. Jerônimo de Albuquerque Maranhão, uma das figuras exponenciais da nossa história, era filho natural de Jerônimo de Albuquerque com uma índia.
Batismo de Lourença Dias da Rosa

26/05/2015

H O J E

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CONVITE
Sessão Solene In Memoriam
 
 
O Presidente da Academia Norte-rio-grandense de Letras, Diógenes da Cunha Lima, convida V. Sa, para a Sessão Solene em homenagem à memória da escritora Anna Maria Cascudo Barreto.
 
Data: 26 de maio de 2015
Horário: 16 às 18 horas
Local: Salão Nobre da Academia
Oradora: Acadêmica Sônia Maria Fernandes Ferreira
 
 
Diógenes da Cunha Linha
Presidente
 


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

25/05/2015

Não existe essa coisa de dinheiro público
Tomislav R. Femenick – Contador; autor do livro “Para aprender economia”.

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Nos anos 1970 se iniciou uma ação, mais que um movimento teórico, de redução da intervenção do Estado na economia e ampliação da liberdade das pessoas; de revitalização do liberalismo econômico e político. Aconteceu primeiro nos países capitalistas desenvolvidos; depois por quase todo o mundo. Os principais condutores desse movimento foram Margaret Thatcher, na Grã-Bretanha, e Ronald Reagan, nos Estados Unidos.
Primeira-ministra da Inglaterra de 1979 a 1990, Thatcher vendeu a particulares o controle que o governo britânico mantinha de algumas empresas – indústrias, mineradoras e prestadoras de serviços –, cortou gastos públicos, proibiu o aumento dos preços dos serviços governamentais e enfrentou o poder dos sindicatos, principalmente dos mineiros de carvão. Tudo isso resultou na redução da inflação e, por um período inicial, um crescimento da taxa de desemprego. Politicamente teve uma ação drástica contra as esquerdas locais e combateu duramente os países de governo comunista. Em 160 anos, foi o único primeiro-ministro a permanecer no cargo por três mandados consecutivos e, ainda, elegeu seu substituto, John Major, do seu partido, o Conservador. Major exerceu as funções por sete anos, cedendo o lugar para um membro do Partido Trabalhista, de esquerda, Tony Blair, que, curiosamente, mantém a política liberal de Margaret Thatcher inalterada em seus princípios básicos (Femenick, 1998).
Ao assumir seu segundo mandado, em 1983, a dama de ferro disse em seu discurso perante o parlamento britânico: “Um dos grandes debates de nosso tempo é saber quanto do seu dinheiro deve ser gasto pelo governo e quanto dele você deve usar nos gastos com sua família. Nunca nos esqueçamos dessa verdade fundamental: o Estado [o governo] não tem outra fonte de receita que não o dinheiro ganho pelo próprio cidadão. Se o Estado deseja gastar mais, só pode fazê-lo se tomar emprestado de sua poupança ou lhe cobrar mais impostos. Não é lógico pensar que outro alguém vai pagar – esse outro alguém é você. Não existe essa coisa de dinheiro público; existe apenas o dinheiro do contribuinte. A prosperidade não virá com programas de despesas públicas mais gordas. [...] Nenhuma nação prosperou ao taxar seus cidadãos além da capacidade de pagamento deles. Temos o dever de nos certificar de que cada centavo obtido com tributos seja gasto sabidamente e bem” (Veja, 2015).
No Brasil dos últimos anos, a lógica tem sido outra. Enquanto os tributos beiram a 40% da toda a renda nacional, o governo gasta como se tivesse fonte própria de recursos e como se esses recursos fossem ilimitados. Nesse quesito, os governos federal, estaduais e municipais (com poucas exceções) são estroinas, levianos, irresponsáveis e desajuizados – criam cargos, dão fartos aumentos para certas castas de funcionários públicos e se esquecem de segmentos fundamentais como os professores, por exemplos. O perigo dessas despesas é que elas permanecem pelos anos futuros. Por outro lado, lançam programas e obras públicas em atacado e a granel.
Mas a conta chegou. O governo federal está atrasando o pagamento das verbas orçamentárias para estados e municípios. O resultado é perverso para o cidadão: as obras estão paradas no meio do caminho e a educação, a saúde, a segurança pública e outros serviços estão em níveis cada vez piores. Quem sai perdendo é o cidadão, o pagador de impostos.
Mas grave ainda é o reflexo dessa improbidade na iniciativa privada. Custos cada vez mais altos, mercado cada vez menor e desemprego cada vez maior. Sim, o desemprego é um grande problema para os empresários. Eles têm que mandar embora quadros técnicos que custaram muito dinheiro para serem formados, além de que quanto menor for o número de empregados, menor será a produção, menor será o volume das vendas, menor será o lucro.
Para fugir do desemprego e dos salários contingenciados, criou-se no país um cenário que bem representa a falta de confiança na economia; todos querem receber algo do governo. Os mais pobres querem recebem a bolsa família, os jovens da classe média sonham em passar em algum concurso e assumir um emprego público e os empresários querem ser premiados com um financiamento do BNDES com juros magrinhos e a perder de vista.

Para completar o quadro deveras dantesco, o ministro da Fazenda, o Sr. Joaquim Levy, defende o aumento dos impostos, como meio do governo sair da crise que ele mesmo, o governo, criou. 

24/05/2015

AS DIFICULDADES DE 2015

Flagrantes da solenidade dos 113 anos do IHGRN

                Após o ano redentor de 2014, onde a Diretoria do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, liderado pelo seu Presidente Valério Mesquita, conseguiu realizar milagres com pequenas dotações liberadas pelo Governo do Rio Grande do Norte, através da Fundação José Augusto e pela Prefeitura Municipal do Natal, iniciamos 2015 com extremas dificuldades, sem nenhuma liberação de recursos até o momento, contando com o sacrifício de subsistir com a diminuta contribuição anual dos seus poucos sócios, mesmo assim com uma inadimplência acentuada e com o desembolso pessoal dos diretores.

            O nosso projeto, já definido com Convênios assinados com a SEEC, Fundação José Augusto e perspectivas de novos pactos de cooperação técnica e financeira com a Prefeitura de Natal e Universidade Federal do Rio Grande do Norte, concentra-se na recuperação física do nosso acervo, desde a higienização, recuperação física e digitalização, de forma a permitir as consultas dos estudantes e pesquisadores através do meio digital. Para isso, recebemos uma doação de 10 computadores do Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região e estamos no caminho de obtenção da participação da UFRN, com a indicação de professores especialistas e participação no Sítio da Universidade através de um link que permita as consultas necessárias.

         A par desse ideário, fomos intimados pelo Ministério Público Estadual para tomarmos medidas essenciais à solução de problemas pontuais, como um sistema contra incêndio e a acessibilidade para pessoas com deficiência motora, providências que dependem da ultimação dos convênios antes referidos.

        Gostaríamos que nossos sócios providenciassem os pagamentos das anuidades, com urgência, para que possamos concluir a tarefa de recadastramento a fim de conciliarmos a certeza do "quorum" para as assembleias gerais que serão realizadas no próximo mês e na assembleia eleitoral que ocorrerá entre outubro de novembro do corrente ano.

          Pedimos a todos uma atenção especial para o IHGRN, o maior acervo documental do Estado e que precisa urgentemente de um trabalho de consolidação.

             Compareçam diariamente ao nosso expediente matutino para conversarmos sobre o futuro da Entidade e recebermos sugestões para a sua otimização.

Por: Carlos Roberto de Miranda Gomes - Secretário Geral do IHGRN