07/08/2016

     
Cisne real  branco
  44 - CISNE BRANCO, NATIVO DA EURÁSIA 
 JANSEN LEIROS

cisne-branco é  a  maior  das aves  aquáticas  de nosso planeta. Seu habitat natural  são os países do Norte  europeu,  estendendo-se  pelos países  asiáticos,  onde  nidificam  uma vez por ano. Essa
circunstância atesta que o Cisne não é uma ave prolífera!   Não é,  também, migratória.

Atribui-se seu surgimento no Hemisfério Norte à  espontaneidade
da natureza. No Reino Unido, os cisnes selvagens,  existentes  no
território do Reino,  são de propriedade pessoal da Rainha.    Tal
determinação legal existe desde o século 12.  Talvez, por esta  ra-
zão essas aves vivam  livremente  nas  águas da Inglaterra, aonde exercem sua liberdade.  

É uma ave com um corpo volumoso,  patas  muito  curtas,  que lhe
conferem um andar desajeitado, porém  que  lhe  permitem  nadar com  muita elegância,  facilidade e rapidez. Delimitam seu espaço
vivencial nos grandes lagos e nos rios aonde  vivem com hegemonia.

Este Cisne, também conhecido como CISNE REAL é o maior da espécie,     o  mais  elegante,    o mais garboso,  o mais charmoso,     defendendo  com  valentia  o  espaço  onde  vive , utilizando  
suas     asas como armas  fortíssimas, e é uma das aves mais longevas da espécie!

No planeta, existem sete variedades de Cisnes,  encontrados   em
sítios distintos. As variedades mais conhecidas são, o Cisne Real,   encontrado nos lagos e rios da Europa e da Ásia,  o Cisne Negro o Cisne do Pescoço Preto e o Cisne Coscoroba, ave  com  nume-roso e respeitável bando de aves nativas, selvagens.  Existe, ainda, o Cisne ou Ganso Egípcio que é menor, ainda,  do que  o Coscoroba  e que tem como habitat o vale do Rio Nilo.  


                                             Cisne Real  
           
    
Cisne Negro 


Cisne pescoço
                                               


 
        


 Cisne Coscoroba                              



Cisne do Egito

   

Cisne de Asas Negras                 







Cisne do Bico Negro
 







06/08/2016

UMA NOITE DE ESTRELAS


ALEJURN MESA COM DIÓ EETC DSC07155 (1)
O jurista Odúlio Botelho Medeiros


Odúlio Botelho

IHGRN – UBERN – ALEJURN – OABRN
(Discurso proferido por Odúlio Botelho Medeiros na solenidade de posse de novos sócios efetivos do IHGRN realizada no dia 14 de julho de 2016)
“Várias são as linguagens do aprendizado existencial. E algumas frases trazem o efeito dessa ilustração: ‘A história é a mestra da vida’ (Cícero); ‘A filosofia é uma preparação para a morte’ (Sócrates); ‘A arte justifica o sofrimento da vida’ (Schopenhauer)” – Poeta Horacio Paiva, em seu discurso de posse em 29.03.2016 no IHGRN – publicado na Revista nº 93- ano 2016 – página 79.
 “Esta é a vitória que venceu o mundo: a nossa fé” (1 JO 5.4).
“É melhor a sabedoria do que a força” (Eclo. 9,16).
“Mais vale o bom nome do que muitas riquezas; acima do ouro e da prata, está o bom acolhimento” (Pr 22,1).
“A memória guardará o que vale a pena. A memória sabe de mim mais do que eu; e ela não perde o que merece ser salvo” (Eduardo Galeano – escritor e pensador uruguaio, falecido em 14 de abriu de 2015).
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Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte – IHGRN, fundado em 
29 de março de 1902 – Fonte – ormuzsimonetti.blogspot.com
Após os pensamentos acima transcritos, que merecem de todos nós algumas reflexões, eis um pouco da longa vida deste Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. Como é público e notório sempre existiram os “loucos geniais”, como disse certa vez o inesgotável Câmara Cascudo. E é puramente verdadeira essa máxima do velho Mestre. O Des. Vicente Simões Pereira de Lemos ao lado de 25 outros pioneiros fundaram este instituto. Registre-se que dentre esses sócios-fundadores, cinco se destacaram como ex-governadores do Estado: Alberto Maranhão, Pedro Velho de Albuquerque Maranhão, Joaquim Ferreira Chaves, Augusto Tavares de Lyra e Antônio José de Melo e Souza. A ata de instalação do IHGRN ocorreu precisamente aos 29 dias do mês de março do ano de 1902, décimo quarto da Republica, no salão do Atheneu Norte-rio-grandense, tendo sido aclamada a Diretoria Provisória, com a seguinte formação – Presidente: Dr. Olympío Vital; Vice-presidente: Dr. Alberto Maranhão; Primeiro secretário: Dr. Pinto de Abreu; Segundo secretário: Dr. Luiz Fernandes; Orador: Des. Meira e Sá; Tesoureiro: Veríssimo de Toledo. Nesta oportunidade o Presidente declarou instalado o instituto, cujos fins e objetivos estão contidos no art. 1º do Estatuto da entidade, assegurando que trata-se de uma associação civil sem fins econômicos, com sede e foro na cidade de Natal capital do Estado.
Para não importunar a eminente plateia afirmamos, de viva voz, que os institutos pertencem ao gênero academia, conforme o entendimento do historiador gaúcho Paulo de Azeredo:
“O termo Academia tem sua origem na Grécia, em torno do século III AC, quando Platão passou a reunir pensadores que discutiam questões filosóficas em um local chamado Jardins de Akademus (herói Ateniense). O grupo passou a ser conhecido por Akademia. Com o tempo, a reunião de pessoas especializadas em uma determinada área também passou a receber a mesma denominação. Mais tarde o termo passou a ser usado também para designar estabelecimentos de ensino superior e posteriormente escolas onde se ministram práticas desportivas, artísticas e outras. Sociedades de caráter científico, artístico ou literário também passaram a ser denominadas de academia. Atualmente, quando nos referimos genericamente à ACADEMIA, estamos nos referindo ao sistema educacional e ao meio intelectual como um todo.”
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Outra parte da sede do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte
 – IHGRN – Fonte – ihgrn.blogspot.com
O eminente Presidente Honorário Vitalício, Jurandyr Navarro, em trabalho ainda inédito também descreve o nosso instituto da seguinte forma:
“Essa entidade secular guarda, em seu acervo, obras raras, separadas pelo seu valor em depósito selecionado, podendo enumerar algumas delas: o livro de Barleus, encontrado somente um exemplar no Rio de Janeiro, segundo alguns; a obra do Padre Luiz Monte ‘Fundamentos Biológicos da Castidade’ (primeira edição), escrita no início da década de 1930, redigida por um sacerdote católico, a única sobre o assunto, analisada sob o ângulo científico e não, apenas, sob o aspecto moral por outros já debatidos; uma Bíblia escrita em idioma estrangeiro; a obra do Cônego Jorge O’Grady de Paiva, ‘Dicionário de Astronomia e Astronáutica’, o primeiro escrito na América Latina sobre o assunto. Assim como objetos, considerados relíquias, tais a Estola do Padre Miguelinho; as vestes sacras do primeiro Bispo Dom Antônio de Almeida, etc.”.
Em verdade convivemos com as dificuldades que são próprias de entidades culturais públicas e privadas, especialmente em relação aos poderes constituídos. Entretanto, esses óbices vêm sendo paulatinamente ultrapassados, mercê da vontade de todos os que se envolvem nos campos da intelectualidade. Com a máxima sinceridade não poderemos somente admirar e contemplar. Os tempos são outros exigem muito esforço e a necessidade de fazer e de produzir. Precisamos, assim, interagir com os seus dirigentes para que a chama idealística dos mais antigos, não se limite, apenas a quimeras e sonhos idos e vividos. A Casa da Memória precisa somar o seu passado aos dias que virão, porque o Instituto Histórico pertence aos mais novos, ou seja, as futuras gerações. Assim, estamos aqui para aprender, colaborar, unir e produzir visando, primordialmente, o desenvolvimento cultural do Estado.
IHGRN 1902
Convite para discussão dos estatutos do IHGRN em 1902, ano de sua criação.
Mas, minhas senhoras e meus senhores que abrilhantam esta reluzente noite, chega de saudade, como diria o poeta. Vamos falar de forma direta sobre os novos valores que passam a compor o quadro de sócios efetivos da instituição que são nomes importantes da magistratura, da advocacia privada ou institucional, do Ministério Público, do magistério universitário e, por que não dizer, da própria cultura norte-rio-grandense. São eles: Dr. Francisco Eduardo Guimarães Farias – Juiz Federal; Dr. Marcelo Alves Dias de Souza – Procurador da República; e Dr. Washington Alves de Fontes – brilhante advogado, atualmente exercendo o cargo de Procurador-Chefe da Assembleia Legislativa do RN.
Como se vê, o quadro do instituto recebe de braços abertos os seus novos membros que com certeza muito contribuirão para o aperfeiçoamento desta entidade cultural.
Lembro a todos os presentes, que por aqui já passaram muitos valores intelectuais ao longo dos 114 Anos de existência da gloriosa Casa da Memória. Dentre esses destacamos, nesta oportunidade, o mestre Câmara Cascudo, Manoel Rodrigues de Melo, Oswaldo de Souza, Hélio Dantas, Nestor dos Santos Lima, João Medeiros Filho, Enélio de Lima Petrovich, Otto de Brito Guerra e Olavo de Medeiros. Hodiernamente contamos com a experiência e o inestimável apoio dos ex-presidentes Jurandyr Navarro, Valério Mesquita e do atual Presidente Ormuz Barbalho Simonetti. 
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Foto da década de 1920, mostrando a sede do IHGRN, ao lado da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, na Praça André de Albuquerque, centro de Natal.
Falemos agora sobre a nossa estrela maior – Glorinha Oliveira que recebe nesta solenidade o merecido título de Sócia Honorária, por tudo que vem fazendo pela música popular brasileira, especialmente neste Estado. Seus dons artísticos são múltiplos: canto, rádio teatro, declamação, arte cênica, sendo, também, uma grande contadora de estórias. Valério Mesquita que se cuide! Bem, Presidente Ormuz, declaro que cumpri com muito prazer a missão de bem receber os novos sócios efetivos e a sócia honorária Glorinha Oliveira que vem nos brindando há muito tempo. Desta forma, os confrades ora empossados passam a fazer parte do acervo cultural deste Instituto.
Resta lembrar a máxima popular de que “a união faz a força”. Assim, estamos evidentemente agrupados para projetar o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte para a frente e para o alto. Castro Alves já dizia: “sou pequeno, mas só fito os andes”.
Muito obrigado!
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05/08/2016

ONTEM NO IHGRN

NESTE PERÍODO DE INSEGURANÇA PELO QUAL PASSAMOS, O 
EXÉRCITO BRASILEIRO GARANTE SEGURANÇA À CASA DA MEMÓRIA




O PRESIDENTE ORMUZ BARBALHO SIMONETTI LANÇA 
A SEGUNDA EDIÇÃO DO SEU LIVRO "A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS". 
Foi na ANRL, conforme alguns flagrantes.





04/08/2016

MEMORIAS PROVINCIANAS I

Valério Mesquita*
mesquita.valerio@gmail.com

Coletei depoimentos sobre a figura do monsenhor Walfredo Gurgel de quem viveu e conviveu de perto com ele: o coronel da reserva da Policia Militar Benedito Florêncio de Queiroz, seu ex-aluno, afilhado e Ajudante de Ordens durante o seu governo. Queiroz era íntimo do monsenhor e das conversas de bastidores. Sobre a vida e a obra do padre governador muita informação foi revelada e publicada atestando a sua lisura no trato da coisa pública e personalidade tanto religiosa quanto política, que se casavam perfeitamente. Aqui, pinço fatos rotineiros, humanos, que realçam cada vez mais o homem simples, o cidadão bem intencionado e fiel a sua tradição, porém, acima de qualquer suspeita.
01) Certa vez, numa reunião do secretariado, convidou a todos para a festa de Nossa Senhora de Santana na sua Caicó. Todos assentiram, inclusive, o general Ulisses Cavalcante, secretário de segurança que era radicalmente contra a exploração dos chamados “jogos de azar”, tão comum nas festas paroquiais e profanas do interior. “Vou governador, mas chagando lá não deixarei de agir e fechar todo o tipo de jogo!”. Lembrando-se dos seus correligionários que bancavam o joguinho, o monsenhor não esperou pra depois: “Ô Ulisses, sendo assim você está desconvidado, porque lá quem manda sou eu. Festa sem esses divertimentos não presta. É a tradição!”. E Ulisses não foi.
02) De outra feita, o capitão Durval majorou em 100% a cobrança dos alvarás dos jogos ditos contraventores de Caicó. Walfredo, mesmo governador, não abdicava da condição de municipalista por causa das raízes políticas e o fato de ser também a terra do seu adversário senador Dinarte Mariz. Após receber a visita dos “prejudicados”, chamou Queiroz para intermediar. O delegado local não teve alternativa: liberou geral. Ai aconteceu o inusitado. O pessoal voltou ao monsenhor com uma reivindicação esquisita mas típica do interior: “Governador, deixe os alvarás no valor de 50% porque senão vamos sofrer represálias do delegado”. E assim ficou.
03) E esta, demonstra a atenção que o então presidente Humberto de Alencar Castelo Branco dispensava ao padre governador, testemunhada através de diversos fatos, não obstante, o clima local de radicalismo político. Numa das vindas presidenciais, Castelo foi convidado a fazer uma visita às obras de construção do hospital, que, posteriormente, se chamou “Walfredo Gurgel”. Após ouvir a exposição do governador acerca das dificuldades, Humberto de Alencar Castelo Branco não titubeou em ajudar, virando-se para o seu ministro da Saúde Raimundo de Brito, por sinal, norte-riograndense: “Providencie o atendimento do pleito”. Era todo o equipamento necessário ao funcionamento do hospital. O baixinho gostava mesmo do monsenhor.
04) Outro fato ocorreu dentro do carro oficial com destino a Caicó, ouviu de Aluízio Alves que estava deixando o governo, solicitar ao governador eleito: “Monsenhor, gostaria de lhe fazer um pedido. É a indicação de Manoel de Brito para a secretaria de finanças”. “Aluízio”, responde o padre, “Para essa secretaria já escolhi um nome: é o doutor José Daniel Diniz, meu sobrinho afim”. Aluízio não tocou mais no assunto e nem se aborreceu com Walfredo. Tempo depois, Brito foi para a Casa Civil. Foram dois gênios da política.
05) Parelhas, ano da graça de 1967. Manoel Virgílio do Nascimento, seridoense, 80 anos, reencontra-se com o conterrâneo e amigo monsenhor Walfredo Gurgel, governador do estado. Havia muito tempo que não se avistavam. Alegria, abraços e as perguntas inevitáveis do padre: “Manoel, que prazer! E esses meninos, são seus netos?”. “Não, governador, são meus filhos”, responde o velho sem perder o prumo. “Mas, seus filhos, você já com essa idade?”. “Pois é, governador, o segredo é treinar sempre”, fechou o firo da conversa o seridoense de fibra longa.

 (*) Escritor.

02/08/2016

DIA 4


Neste DIA 4 DE AGOSTO, QUINTA FEIRA, NA SEDE DA ACADEMIA NORTE-RIOGRANDENSE DE LETRAS, LOCALIZADA À RUA MIPIBU Nº 443 – TIROL – NATAL/RN, ESTAREI LANÇANDO O LIVRO "A PRAIA DA PIPA DO TEMPO DOS MEUS AVÓS", SEGUNDA EDIÇÃO AUMENTADA. SÃO 472 PÁGINAS E 710 FOTOS E ILUSTRAÇÕES COLORIDAS. O LIVRO FOI IMPRESSO EM PAPEL CUCHÊ, COSTURADO E TEM CAPA DURA. O ILUSTRADOR É O ARTISTA PLÁSTICO LEVI BULHÕES. AS FOTOS DA CAPA, DE PAISAGENS (PIPA NO SÉCULO XXI) E FOTOS DE FLORES SÃO DE GUSTAVO MITILENE E AS FOTOS DOS GOLFINHOS DE MELISSA CARSELLER.
GOSTARIA DE CONTAR COM SUA HONROSA PRESENÇA.

01/08/2016



EM DIA COM A ACADEMIA Nº 22 DE 1-8-2016
Cuidando da Memória Acadêmica


Aniversariante do mês de Março:
Parabéns aos aniversariantes
                              Agosto

SÔNIA FAUSTINO - Cadeira 24
07/08
 BENEDITO VASCONCELOS -  Cadeira 38
31/08



Comunicamos o falecimento do Acadêmico
Francisco Fausto de Paula Medeiros
30 de julho de 2016


CADEIRA Nº 15





Eleito  14 de dezembro 2004   -       Posse 27 de abril de 2006

 


MEMÓRIA CADEIRA Nº 15

Patrono – Pedro Velho
Fundador – Sebastião Fernandes
 Sucessor 1 – Antônio Pinto
 Sucessor 2 -  Eloy de Souza
  Sucessor 3 - Umberto Peregrino  
 Sucessor 4 - Francisco Fausto, seu último ocupante.

 
Sucessor 4 - Francisco Fausto, seu último ocupante.

Areia Branca 13/5/1935 -  Natal 30/7/2016

Que a eternidade seja  um reencontro com seus entes queridos.

                           Diogenes da Cunha Lima
                                       Presidente


Resumo  40 cadeiras em  2016

POSSE
Marcelo Navarro – cadeira 39  ( 20 de janeiro)
Nelson Patriota – cadeira 8  (15 de abril)
Eulália Duarte Barros - cadeira 13  (13 de julho)
Cassiano Arruda – cadeira 4  (18 de julho)
Jarbas Martins –  cadeira 20  ( 21 de julho )
  
ELEIÇÃO CADEIRA 35



                  Woden Madruga - ELEITO - cadeira 35 (dia 19 DE JULHO)


Seja bem vindo Woden Madruga, a Casa é sua é Nossa.


                                           Acadêmica  Leide Câmara
                                                   Secretária Geral
Fone  9.9982.2438



CNPJ: 08.343.279/0001-18
Rua: Mipibu, 443 – Petrópolis – Natal/RN  CEP 59020-250  -  Telefone: 84- 3221.1143
http://www.anrl.com.br / E-mail: academianrl@gmail.com
   
Marcelo Alves

Sobre Pufendorf

Tendo escrito nas duas últimas semanas sobre Marco Tullio Cicero (106-43 a.C.) e sua filosofia naturalista do direito (embora muito superficialmente, reconheço), hoje vou dar um salto de alguns séculos para tratar de um outro expoente do direito natural: Samuel Pufendorf (1632-1694). 

Pufendorf nasceu em 1632 na pequena cidade de Dorfchemnit, situada no antigo Ducado da Saxônia, que hoje é um dos estados da Alemanha. Seu pai era pastor luterano, e seguir essa vocação era, num primeiro momento, o destino traçado para o pequeno Samuel. Assim, bastante jovem, Pufendorf foi estudar Teologia na Universidade de Leipzig. Mas não era esse seu destino, e Pufendorf foi logo estudar na Universidade de Jena, dedicando-se à matemática, à filosofia (Descartes, Hobbes e Grócio, especialmente) e, sobretudo, ao direito, numa formação multidisciplinar bastante comum aos mais dotados jovens germânicos de então. Terminou seus estudos em 1658. Foi trabalhar na Dinamarca como professor/tutor particular. Ali envolveu-se em escaramuças políticas e passou algum tempo preso. Libertado, assumiu uma posição na Universidade de Leiden, na Holanda. Em Lieden, escreveu “Elementa Jurisprudentiae Universalis” (1661). Assim famoso, logo ganhou os favores do eleitor do Palatinado, Carlos Luís (1617-1680), que criou, na Universidade de Heidelberg, uma cadeira especialmente para ele. Mas em 1670 caiu em desgraça junto ao senhor do Palatinado. Foi viver na Suécia, tendo sido professor em Lund e em Estocolmo. Data dessa época duas de suas mais famosas obras, “De iure naturae ac gentium” (1672) e “De officio hominis et civis” (1673). Foi muito produtivo durante os anos que se seguiram, publicando, ensinado e assumindo postos de Estado pela Europa do norte. Faleceu em 1694, em Berlim, na antiga Prússia, hoje Alemanha. 

Pufendorf foi uma figura chave na transição entre o direito natural do Medievo e o direito natural moderno, tendo sido um dos fundadores deste, pode-se dizer. Antes de mais nada, para Pufendorf, o direito natural é comum a todos os seres humanos, porque fundado na razão, e ele, o direito natural, se distingue da religião e da teologia, que podem variar de povo para povo. 

Aliás, no que toca à relação entre direito e religião, deve-se registrar o pioneirismo de Pufendorf na hoje tão debatida separação entre Estado e Igreja. Como anota Antonio Padoa Schioppa (em “História do direito na Europa: da Idade Média à Idade Contemporânea”, edição da WMF Martins Fontes, 2014), Pufendorf, no seu tempo, defendeu uma “distinção entre a disciplina jurídica das igrejas no contexto do direito público (ius circa sacra) e as normas de organização interna das igrejas propriamente ditas (ius in sacra), a primeira reservada ao Estado, as segundas confiadas às igrejas: uma doutrina que está na base das teorias eclesiásticas do protestantismo e que estabelece as premissas de uma separação do papel do Estado em relação às confissões religiosas, que assim podem existir e coexistir”. 

Outra grande sacada de Pufendorf é vinculação que ele faz, bastante pé no chão, entre o direito natural e o direito positivo. Como explica o mesmo Antonio Padoa Schioppa, para Pufendorf, o que “torna operantes – e por isso dotados de juridicidade efetiva – os princípios do direito natural é a coatividade, vinculada ao direito positivo por meio do poder régio: um poder que, na visão de Pufendorf, tem as características de autoridade suprema e indivisa, próprias do absolutismo. Mesmo assim, o modo de governo, que para Pufendorf é idealmente determinado primeiramente pela submissão dos súditos ao poder do soberano, pode a seu ver ser livremente escolhido por parte do povo. E visto que o direito, tanto natural quanto positivo, consta de comandos e de sanções, onde faltam uns e outras, abre-se o campo da liberdade: para o direito, aquilo que não é proibido é lícito, mesmo que possa não estar em conformidade com a moral”. 

Não menos importante para o desenvolvimento da ciência jurídica é fato de haver Pufendorf imaginado e defendido em seus escritos, sempre homenageando a natureza e a razão humanas, um conjunto de princípios jurídicos (um direito, em última análise) que se aplicam a todas a pessoas, independentemente de suas nacionalidades ou religiões, a todos os Estados, individualmente ou em suas relações recíprocas, e mesmo entre Estados, coletividades ou pessoas em guerra, o que faz dele, neste particular, um dos mais influentes defensores da guerra justa. Na verdade, sua contribuição jusfilosófica repercute marcadamente no desenvolvimento de vários ramos do direito, mas em especial no direito internacional moderno (incluindo o direito de guerra), que ele, assim, marcadamente ajudou a moldar. 

Isso tudo sem falar que os trabalhos e as ideias de Pufendorf – vide, por exemplo, sua moderníssima definição dos requisitos necessários da lei: generalidade, irretroatividade, pertinência ao mundo dos comportamentos externos, aplicação das mesmas regras jurídicas a todos os súditos, sem distinção de classe –, bastante citados e debatidos durante o século XVIII, anteciparam e influenciaram o iluminismo jurídico que desabrocharia a seguir, culminando com as revoluções na França e na América do Norte, especialmente. 

É, esse tal de Pufendorf parece ter sido um jurista justo e iluminado. 

Marcelo Alves Dias de Souza
Procurador Regional da República
Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL
Mestre em Direito pela PUC/SP